Rita Ferro em Entrevistas Imprevistas
"P: Deduzo que vá votar «não»...
R: Deduz lindamente, embora me aterre a ideia de levarem à urna questões ontológicas e metafísicas. Por outro lado, estou cansada desta visão santificada que se faz a respeito de todas as mães. Há mães extraordinárias e outras ignóbeis. Dizer que nenhuma faz abortos com ligeireza é uma asneira crassa, que demonstra desconhecimento da humanidade.
P: Uma mulher deve ir presa por abortar?
R: Não recordo o caso de uma única mãe que tenha cumprido a pena.
P:Mas deve ir presa, ou não? Votar «sim» é votar pela despenalização...
R:O aborto foi despenalizado em Portugal em 1984, passando a ser permitido nos casos de perigo para a saúde da mãe, malformação, inviabilidade do feto e violação. Agora pretende-se a liberalização total até aos dois meses e meio de gravidez - estando a criança integralmente formada - por opção exclusiva da mulher, ou seja, ignorando completamente o papel do pai e sendo financiado em hospitais públicos ou clínicas privadas com o dinheiro dos contribuintes. O Estado deixa de prestar qualquer protecção legal ao ser humano até esse momento, contribuindo, à semelhança do que acontece noutros países, para um aumento exponencial do número de abortos, sem eliminar os problemas económicos e sociais que estão na sua origem. Se dizer «não» a isto é dizer «sim» à prisão das mulheres, estamos perante um sofisma pernicioso."
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